quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cerveja com adição de abóbora, uma tradição norte-americana


Post Road Pumpkin Ale
Spiced/Specialty Beer
Sazonal – agosto a novembro
5.0%

 Ano passado, quando baixei a série “Brew Masters” (Mestres Cervejeiros, no original), exibida na TV norte-americana, fiquei muito curioso para saber mais sobre as cervejas feitas com adição de abóbora, geralmente denominadas Pumpkin Ales. Embora não seja classificada como um estilo propriamente dito, as origens desta alquimia estão nos primórdios da história dos EUA. Os colonos da época, conhecidos como pilgrims, logo descobriram as muitas propriedades daquela estranha planta de cor alaranjada e a incorporaram à sua dieta. Voltando aos tempos atuais, neste episódio da série, o dono da Dogfish Head Brewery, Sam Callagione, passa o dia em um bizarro festival onde se pode encontrar praticamente de tudo feito com abóbora, até mesmo um concurso de lançamento das ditas cujas com catapultas! Ou seja, nos EUA, abóbora é levada a sério, ainda que de maneira um tanto peculiar.

Na mais recente incursão ao Empório Alto dos Pinheiros, encontrei um exemplar de Pumpkin Ale, denominada Post Road Pumpkin Ale, obra do mestre Garrett Oliver, da Brooklyn Brewery, uma das melhores cervejarias da terra do Tio Sam. Além de abóbora, a cerveja também leva canela e noz-moscada. Ao contrário da maioria de seus compatriotas, Oliver não vai além do ponto nos ingredientes e, mais importante, não abusa do lúpulo. Falarei mais sobre o que penso do uso excessivo de lúpulo em um próximo post.

Ao servir a cerveja, chama a atenção sua bela cor alaranjada, coberta por uma camada de espuma bege. Nos aromas, as citadas especiarias, o dulçor do malte e o herbal do lúpulo. Na boca, uma certa adstringência, provavelmente causada pelo lúpulo, bem marcante, além de especiarias, maçã assada e o adocicado da abóbora. No geral, uma cerveja de excelente drinkability, refrescante, muito boa. Pela elegância, quase poderia ser confundida como uma ale inglesa, talvez até mesmo por ser uma homenagem ao passado (leia abaixo). É produzida entre os meses de agosto e novembro.

Um pouco de história
A Post Road é uma homenagem a estes bravos colonizadores que, no século XVII, já produziam a sua própria pumpkin ale, acrescentando caqui, lúpulo, açúcar de bordo (maple, em inglês), a planta de onde se extrai o famoso maple syrup, geralmente consumido com panquecas. Como curiosidade, abóboras ocas eram usadas como forma para os cortes de cabelo da época. Por isso, os habitantes da Nova Inglaterra foram apelidados de pumpkinheads (cabeça-de-abóbora).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O sabor da Oktoberfest


Fui presenteado pela amiga e cunhada Kaina com um belo kit da cervejaria alemã Paulaner, contendo uma lata de um litro de Oktoberfest e uma caneca com a mesma capacidade.  O estilo Oktoberfest, como diz o nome, é consumido durante os tradicionais festejos na cidade de Munique (sua origem está no texto que fecha esta resenha). O prazer começa pelos olhos, que se encantam com a bonita caneca em baixo relevo. No centro, a logomarca que estampa um padre da ordem que dá nome à cervejaria fundada  em 1634. Na lata, mulheres robustas marcham munidas de várias canecas cheias, bastante apropriadas ao contexto germânico de celebração.

Feita para ser consumida em outubro, quando o frio começa a dar o ar da graça nos campos bávaros, é uma cerveja mais encorpada, com fartas doses de malte e teor alcoólico de 6%. Embora ofereça excelente drinkability, não se trata de algo leve e refrescante como uma Pilsener ou uma Kölsch. A espuma, branca, é abundante quando servida, mas não se mantém, cobrindo com uma fina camada o liquido de cor dourada, de tons mais escuros. No nariz e na boca, percebem-se a forte presença de malte e o lúpulo na dose certa, resultando em uma cerveja muito bem balanceada e elegante. Não se trata de cerveja de alta complexidade, fato que não a desmerece de maneira alguma. A quantidade, um litro, não foi problema algum para este humilde degustador, haja vista que desce que é uma maravilha!

Fazendo um parêntese, no início do ano tive a oportunidade de comprar duas garrafas pequenas da norte-americana Dogtoberfest, a versão ianque deste estilo produzida pela cervejaria Flying Dog. Também sazonal, foi, de longe, a melhor das Flying Dog que já provei. Apesar dos muitos elementos, é bem resolvida e desce bem, ao contrário dos outros rótulos da mesma cervejaria, geralmente lupulados em demasia.

Aliás, tive a curiosidade de pesar a caneca cheia, resultando em aproximadamente 2,5 kg. Ou seja, ao beber no canecão de dimensões avantajadas, o cidadão automaticamente queima uma parcela das calorias ingeridas. Bom, não?

Um pouco de história
A origem da festa remonta a 1810, quando, na cidade de Munique, se organizou uma corrida de cavalos celebrando a união de Luis I da Baviera com a princesa Teresa de Saxe-Hildburghausen. O evento foi realizado em um parque longe do centro, prontamente batizado de Theresienwiese, em homenagem à noiva. Já o estilo Oktoberfest também é conhecido por Märzen – março, em alemão – pois era impossível produzir cerveja no verão, já que não existia meio de refrigerar a bebida. Sendo assim, a fabricação de cerveja era encerrada nos primeiros dias da primavera. Esta cerveja era então guardada durante a primavera e verão em cavernas, para ser finalmente consumida nos festejos de outubro.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Flensburger Winterbock, boa sazonal alemã.

Seduzido pelo belo rótulo e pela garrafa com tampa swing (aquela com haste metálica e tampa de plástico com anel de borracha para vedação), topei pagar os mais de R$ 15,00 pedidos pela Flensburger Pilsener no supermercado. Ao provar a cerveja, deparei-me com uma german pilsener clássica, de boa drinkability, mas sem maiores surpresas. É claramente superior a outras alemãs mais populares, como a Warsteiner ou a Tücher. Mas, se comparada a uma Wernesgrüner, a diferença de preço não se justifica. Algumas semanas depois, chega às minhas mãos uma garrafa da Flensburger Winterbock que, como o próprio nome diz, é uma bock produzida no inverno. A espuma, quase branca, é abundante, coroando o líquido âmbar, com tons acobreados. No nariz, mel, biscoito, ameixa seca, compota. Na boca, castanhas, mel, caramelo, açúcar queimado, leve tostado e, claro, o aquecimento provocado pelo álcool. Contudo, seus 7% estão muito bem inseridos, adequados ao estilo e à proposta. Mesmo sendo uma cerveja de inverno, foi degustada em uma noite quente e desceu muito bem, tem excelente drinkability. Se comparada às bocks que a gente se acostumou a beber no Brasil, esta ganha de goleada. Equilibrada, suave, uma ótima cerveja.  

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Duff, a cerveja favorita de Springfield, agora produzida no Brasil.



Duff
Brasil – Santa Catarina
Premium American Lager (?)
5,0% álcool

A Duff teve seu nome e rótulo inspirados na cerveja preferida de Homer Simpson, do desenho homônimo. Trata-se de uma marca internacional, comercializada em 10 países da Europa e Américas. A versão brasileira, produzida em Santa Catarina, leva dois tipos de malte e três variedades de lúpulo. Não contém outros cereais nem tampouco ingredientes químicos, o que a coloca em conformidade com a Lei de Pureza criada na Baviera, em 1516. No copo, apresenta boa espuma e uma bela cor dourada. Aromas intensos de pão e fermento, típicos das cervejas artesanais brasileiras, além de nuances de biscoito e um leve adocicado. No sabor, predomínio do malte, com toque suave de lúpulo. Resumindo, é uma cerveja bem elaborada e equilibrada, acima da média das lagers produzidas em larga escala no Brasil. Como apresenta ótima drinkability e não radicaliza no sabor e na potência alcoólica, tem boas chances de agradar ao paladar do brasileiro. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Brew Dog, o excesso em forma de cerveja.


Desta vez, nossa peregrinação nos levou a dois exemplares de cerveja oriundos da escola conhecida por extreme beers. Surgida nos Estados Unidos, ganhou adeptos em várias partes do globo. Um dos mais ferrenhos é a cervejaria Brew Dog, localizada em Fraserburgh, cidade a 263 quilômetros ao norte da capital escocesa, Edinburgh. Criada por dois jovens em 2007, a cervejaria é fortemente inspirada nos congêneres norte-americanos da Flying Dog, tanto pelo nome como pela estética composta de tipologias “sujas” e “tortas”. Talvez seja uma tentativa de soar “rebelde”, de ter um ar mais, digamos, punk. Afinal, eles estão em território britânico, onde são produzidas algumas das mais tradicionais e requintadas cervejas do planeta. Para contrariar os padrões locais, os rapazes em questão resolveram copiar o modelo criado do outro lado do Atlântico e, ao que tudo, indica, estão se dando bem.

Em uma visita recente ao Empório Alto de Pinheiros, resolvi provar duas variedades escocesas em torneira (chope): a muito comentada Punk IPA e a Pale Ale Trashy Blonde. Uau, quanta rebeldia, não? Vamos ver como essas meninas de kilt rasgado e coturnos se comportam no paladar. A primeira delas, Punk IPA, com 5,6% de álcool, tem uma coloração âmbar escura, aroma e sabor que, de tão adocicados e frutados, chegam a ser enjoativos. Laranja, frutas tropicais, limão, os aromas, assim como nos exemplares norte-americanos, são excessivos. O primeiro copo até desce bem, mas não dá vontade de pedir o segundo. O final é seco e adstringente.

Um parêntese: para quem não está familiarizado com a nomenclatura cervejeira, o “IPA” do nome vem de India Pale Ale, estilo de cerveja mais encorpado e alcoólico criado no Império Britânico para suportar a viagem até as colônias na Índia.

A Trashy Blonde desce melhor, pois é um pouco mais suave. Poderíamos, como comparação, dizer que esta é uma versão “amansada” da anterior, já que os estilos são, na origem, parelhos. Trata-se de uma Pale Ale com 4,1% de álcool, de coloração âmbar.  Aqui, as frutas mudam um pouco, embora ainda cítricas, com mais maracujá e abacaxi, e lúpulo um pouco menos pronunciado. De qualquer maneira, estes excessos comprometem bastante a drinkability, pois a boca chega a ficar seca ao término do copo. Dá aquela sensação de “boca amarrada”, que costuma acontecer quando comemos uma banana verde, por exemplo.

Conclusão: nota-se que, assim como os compadres da Flying Dog, os caras da Brew Dog sabem fazer cerveja, a bebida tem muitas qualidades, ingredientes de primeira, sem aditivos químicos, etc. Mas essa mania de querer colocar tudo de uma só vez me desagrada, qual o motivo de adicionar quatro tipos de lúpulo numa mesma cerveja, como na Punk IPA? Chega a ser um desperdício, uma falta de bom senso. Ao invés de se traduzir em complexidade, o resultado final é confuso e desbalanceado. Devem ser os arroubos da juventude, aquela paixão, a vontade de fazer tudo diferente dos “adultos”. Filosofando um pouco, talvez seja por isso que as extreme beers possuem tantos fãs apaixonados. De qualquer maneira, não oferecem nada que me faça abrir mão da elegância encontrada em cervejas como Fuller’s London Pride, Bishop’s Finger, Hen’s Tooth, Courage Director’s, entre outras.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Whitstable Bay Organic Ale, suave e equilibrada

04.10.11
Whitstable Bay Organic Ale
Shepherd Neame Co.
Kent, Inglaterra
English Pale Ale
4,5% álcool
Copo: Pint ou tulipa

Eis uma das cervejas orgânicas mais certificadas do mundo, com dois selos de associações impressos no rótulo. O primeiro é o selo da Comissão Europeia e o outro, da Soil Association, organização britânica. Felizes com o dado biologicamente correto, vamos, então, à cerveja. A Whitstable Bay foi assim batizada em homenagem à cidade costeira da região de Kent, famosa por suas ostras. O caráter suave e delicado desta cerveja se presta sobremaneira ao acompanhamento de pratos leves, como frutos do mar, saladas e comida japonesa. Trazida ao Brasil pela Uniland, apresenta coloração âmbar, bem alaranjada, espuma borbulhante, lembrando um pouco champanhe. No olfato, lúpulo discreto, frutado e cítrico, com suave adocicado do malte, marmelo, compota, fruta em calda. Na boca, o amargo predomina, com toques de tostado e abricot. Comparada aos outros rótulos da mesma cervejaria, a Whitstable Bay é mais suave e discreta, mas perfeitamente inserida na “família” Shepherd Neame. Perfeita para dias - e noites - mais quentes, tem excelente drinkability. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fuller's London Pride, clássica e saborosa


02.10.11
Fuller’s London Pride
English Pale Ale
4,7%
Fuller Smith & Turner, Londres, Inglaterra
Copo ideal: pint ou caldereta

Cada vez mais apaixonado pelo sabor clássico das ales britânicas, provei uma das mais tradicionais do gênero, a Fuller’s London Pride. Para melhorar, primeiro a versão em torneira e, dias depois, o exemplar engarrafado. As diferenças são evidentes. Afinal, chope é sempre mais suave e refrescante que cerveja, pois, como não é pasteurizado, é uma bebida “viva”, que conserva boa parte dos elementos que os 60o C da pasteurização naturalmente eliminam.
Como convém ao estilo, apresenta coloração âmbar e espuma que se desfaz rapidamente. No nariz, o herbal do lúpulo e notas adocicadas, caramelizadas, oriundas do malte. O sabor é frutado e maltado, com um toque de biscoito, açúcar queimado e frutas secas. O final é seco, com amargor elegante que permanece na boca por um longo tempo.
Muitos apontam a London Pride como o exemplo mais bem acabado da Pale Ale inglesa, assim como a Sierra Nevada o seria em termos de Pale Ale norte-americana. Ainda me falta quilometragem para assinar embaixo, mas, até o momento, não tenho como discordar.
Tanto em torneira como na garrafa, é uma cerveja que encanta pelo equilíbrio e finesse, com excelente drinkability. É o tipo de cerveja que, quando acaba o pint (ou o copo), dá até uma certa tristeza, uma saudade que nos faz sonhar com o próximo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Baden Baden 1999 - Bitter Ale brasileira


Baden Baden 1999                         
Campos do Jordão, SP, Brasil
Bitter Ale (Ale – alta fermentação)
5,2%
600 ml
Copo ideal: Caldereta ou tulipa

Criada em homenagem ao ano de fundação da cervejaria localizada na Serra da Mantiqueira, a Baden Baden 1999 presta um tributo às Bitter Ales inglesas, um pouco mais amargas e encorpadas que as Brown Ales. Embora se enquadre nos moldes das cervejas ditas artesanais, os rótulos da Baden pecam por adotar práticas comuns às cervejarias de massa, como a adição de antioxidantes e conservantes. Como se não bastasse, ainda recorre ao corante caramelo para alcançar a tonalidade desejada. Será mesmo necessário, não seria possível evitar estes procedimentos? Feitas as devidas ressalvas, nota-se que o lúpulo é muito semelhante ao empregado na Red Ale e na Stout, perfumado, mas acaba sendo “repetitivo” ao provar os outros rótulos da mesma origem.

De cor âmbar, apresenta pouca espuma bege, como convém ao estilo, aroma suave de lúpulo, um pouco cítrico, e leve adocicado. Na boca, agrada mais, com um toque amadeirado, amargor sutil, porém persistente, toques de mel, cítrico e abacaxi. Oferece boa drinkability, em outras palavras, desce muito bem. 

Courage Directors, elegante Ale inglesa.

                  
Wells and Young's Courage Directors
Bedford, Inglaterra
Brown Ale (Ale – alta fermentação)
4,8%
500 ml
Copo ideal: Caldereta ou tulipa

Sou um fã declarado das ales britânicas. A cada exemplar degustado, mais me impressiono com a finesse e o equilíbrio entre doçura e amargor que as boas cervejas da terra da rainha apresentam. Os detratores dizem que são pouco complexas, o que, a meu ver, não é demérito algum. Fazer uma boa cervja é uma arte e os britânicos a dominam como poucos. Assim como os alemães e os checos, trabalham, salvo raras exceções (como a Double Chocolate Stout, também da Wells & Young's, com adição de chocolate Cadbury), somente com água, malte e lúpulo, ao contrário da escola belga, também ancestral, mas que não tem o menor pudor em acrescentar diversos ingredientes e elaborar alquimias complexas.

Vamos, então, à cerveja degustada, Courage Directors, oriunda de Bedford, Inglaterra. Uma Brown Ale típica, âmbar, pouca espuma de cor bege, aroma e sabor de lúpulo cítrico, suave, com toque amadeirado, refrescante, com ótima drinkability. A cervejaria Courage, criada em 1787, desde 2007 passou ao controle do grupo Wells & Young’s. No início, era reservada ao consumo dos membros da diretoria da empresa, daí o nome “Directors”. É o tipo de cerveja que não traz surpresas, nem tampouco sustos, fato que, por si só, já é extremamente positivo. Pode-se dizer que traz a mesma essência dos automóveis ingleses, que combinam elegância e esportividade em doses adequadas. Repare no conjunto entregue por um Aston Martin, Bentley ou Jaguar e veja se concorda comigo. 

Brooklyn Monster Ale, uma Barley Wine de respeito



Brooklyn Brewery Monster Ale
Nova York, EUA
Barley Wine (Ale – alta fermentação)
Produzida em 2010
Sazonal: produzida de dezembro a março
10,1%
355 ml
Copo ideal: Gobblet (taça com boca larga) ou copo de conhaque

Imagine uma cerveja forte, de coloração âmbar ou rubi, espuma bege e aromas intensos que lembram vinho do Porto, madeira e frutas secas. Esta é uma das descrições possíveis do estilo Barley Wine, que se consagrou como um dos favoritos entre os apreciadores de cervejas robustas e complexas. Deve ser bebida acima de 10o C para melhor apreciação de aromas e sabores. A graduação alcoólica começa em 8% e pode chegar a 15%, o que a credencia como ideal para consumo nos meses de inverno. O estilo é datado de 1903, na descrição da cerveja Bass N.o 1, produzida até hoje. São cervejas que podem ser armazenadas por vários anos devido ao alcoólico e composição. No Brasil, uma das mais conhecidas é a Baden Baden Red Ale, com 9,2% de álcool.

A Brooklyn Monster Ale não foge à regra, com sua bela cor âmbar, acobreada, espuma bege de boa formação, surpreendente para um estilo que leva tanto álcool. Elaborada com malte inglês e três variedades norte-americanas de lúpulo, apresenta a complexidade de aromas e sabores típica do estilo. No nariz, destaque para o frescor do lúpulo, somado à doçura que remete a bebidas licorosas como Vinho do Porto e Cherry Brandy e a notas florais. Os quatro meses de maturação acentuam o caráter amadeirado do aroma. Na boca, há evidente percepção do álcool, quase como um licor, mas sem a agressividade notada em outros exemplares do mesmo estilo. O sabor adocicado do malte combina muito bem com o cítrico do lúpulo, com predomínio do primeiro.  Uma boa interpretação de um estilo clássico, porém atrevido e provocador aos sentidos. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Degustação Früh Kölsch

Acaba de chegar ao Brasil através da Uniland a cerveja Früh Kölsch, estilo oriundo da cidade de Colônia, Alemanha. Se você busca uma cerveja leve, refrescante, mas com personalidade e muita finesse, não deixe de provar. Abaixo, minhas impressões:

Álcool 4,8%
330 ml – lata

Amarelo-dourado, bem clara
Espuma média/baixa
Aroma sutil de malte, lúpulo discreto, o sabor acompanha
Leve e refrescante, um pouco ácida, cítrica.
Ótima drinkability, não dá vontade de parar, desce muito bem
Não é densa nem complexa, mas oferece um conjunto muito equilibrado e saboroso. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Degustações Dama Bier

















Da esquerda para a direita: Pilsen, Weiss, München e IPA.

Data: 31.07.2011

Dama Bier Pilsen
4,8%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Amarelo pálido, opaca
Espuma média, que se desfaz rapidamente
Forte aroma de fermento e pão
Notas suaves de mel e biscoito
Refrescante, amargor sutil
Na boca, predomínio do malte, lúpulo suave
Ácida e turva (?)
Falta corpo e personalidade
Senti indícios de algum problema com a amostra degustada, ácida demais, com pouca carbonatação


Dama Bier Weiss
5,0%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Amarelo-palha, leve dourado
Turbidez um pouco sutil para o estilo
Presença de álcool acima do desejado
Ácida demais
Aroma de fermento, sem os costumeiros cravo e banana
Na boca, muito cítrico, abacaxi,
Espuma fraca, some rapidamente
Assim como a Pilsen, talvez haja algo de errado com a amostra degustada


Dama Bier München
4,8%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Âmbar, acobreado, bela cor
Pouca espuma
Interessante aroma de lúpulo, compotas, frutas em calda, com toques de mel e cítrico
Na boca, não mantém a complexidade do aroma, mas continua agradável, saborosa.
Aftertaste adocicado
Assim como as outras, apresenta acidez acentuada, muito cítrica
No geral, tem boa drinkability, desce bem.
Das quatro degustadas, foi a que mais agradou.

Dama Bier IPA
6,5%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Bela cor acobreada com reflexos dourados
Espuma rala
Aroma perfumado de lúpulo, embora um tanto sutil para o estilo
Também notas de abacaxi pérola, mais adocicado
Na boca, amargor agradável e lúpulo condimentado, saboroso
Ao contrário da Münich, agrada mais pelo sabor do que no aroma
É bem suave para uma IPA, porém equilibrada. Tem frescor, mas falta um pouco de força


Avaliação geral: talvez a ideia seja mesmo produzir cervejas mais suaves, algo que combina com o nome dos rótulos, no caso, “Dama”. Gostei da Münich e da IPA, mas a Pilsen e a Weiss ficaram devendo, ainda mais levando em consideração o posicionamento de preço da marca.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cervejas norte-americanas na ABS

Na última quarta-feira, dia 27, fui convidado pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), onde me formei em 2010, a participar de uma degustação de cervejas norte-americanas. Bob Pease, Chief Operating Officer (cargo novo para um sujeito como eu, pouco afeito às peculiaridades do mundo corporativo) da Brewers Association,organização que reúne os cervejeiros artesanais dos Estados Unidos, ministrou uma palestra sobre a atuação destes produtores, afirmando que detêm 5% do total de cerveja produzido no país. Contudo, a pergunta que não quer calar: se eles não estavam procurando representantes ou importadores, qual a motivo da missão cervejeira em terras tupiniquins? Até agora, ninguém forneceu uma resposta satisfatória. Noves fora, vamos ao que interessa, as cervejas. A degustação foi conduzida por Kathia Zanatta, sommelier de cervejas do Grupo Schincariol, que foi, ao lado de Alfredo Ferreira, nossa professora no curso da ABS.

Quem já se aventura pelo mundo cervejeiro há algum tempo sabe que os exemplares norte-americanos são bastante peculiares. Ali, a industrialização massiva a partir da segunda metade do século XX praticamente varreu do mapa as pequenas cervejarias. Mas, a partir de meados da década de 1980, talvez inspirados pelo movimento britânico de recuperação das antigas cervejarias (denominado CAMRA, ou Campaign for The Real Ale), começaram a pipocar focos de resistência. Hoje, segundo Bob Pease, já se contam 1717 cervejarias artesanais nos EUA, um número bastante expressivo. É uma produção que se caracteriza principalmente pela criatividade e ousadia. Baseados em estilos clássicos europeus, os cervejeiros locais criam suas próprias alquimias, algumas ótimas, outras de gosto duvidoso. Adoram lúpulo, misturam de tudo e são felizes assim.


Começamos com a Mid Mountain Mild Ale, produzida pela Epic Brewing Company, de Salt Lake City, Utah. Segundo o site Beer Advocate, trata-se de uma American Blonde Ale. Turva, com um belo tom âmbar claro, é como o nome diz, verdadeiramente “mild” (suave). Com 5,2% de álcool, traz aromas sutis de malte e lúpulo, este um pouco mais marcante, já que leva o famoso lúpulo Saaz da República Checa em sua composição. Na boca, além dos supracitados, agradável sabor de especiarias e pimenta rosa. Ótima drinkability, mas, no conjunto, não impressiona.

Depois, passamos para a Sierra Nevada Torpedo, da cervejaria homônima, localizada em Chico, Califórnia, fundada em 1980. Trata-se de uma IPA (India Pale Ale), o estilo mais popular entre os cervejeiros artesanais daquele país. Robusta, possui 7,2% de álcool. Filtrada, na cor âmbar, tem boa espuma e, como não poderia deixar de ser, aroma intenso de lúpulo, fato reforçado pelo emprego do método “dry hopping”, que consiste em adicionar lúpulo nas fases finais de produção. Neste caso, foram empregadas flores de lúpulo, o que a torna ainda mais rica em aromas herbais, como hortelã, cítrico e pinho. Na boca, é seca, frutada, com algo de damasco, nozes e frutas secas. Muito boa, uma IPA de respeito, cuidadosamente elaborada.







A terceira cerveja é uma spiced (“temperada”) beer ou herbed beer, filhote de Sam Callagione, o maluco responsável pela Dogfish Head Brewery. Leva o nome de Midas Touch Golden Elixir, com a impressão digital no rótulo remetendo ao “toque de Midas”. A receita é, segundo o fabricante, inspirada em uma antiga bebida turca, datada de 2700 anos atrás, com ingredientes originais citados na tumba do rei Midas. Seca e adocicada, o que predomina, tanto no aroma como no sabor, é a uva moscatel, além de madeira, fruta e abacaxi pérola. Talvez pela suavidade da receita, quase não se percebe os 9% de álcool. Os apreciadores da uva Chardonnay certamente vão aprovar. Muito curiosa e interessante, mas somente para um copo ou dois, no máximo.









O próximo exemplar apresenta um belíssimo rótulo e leva o nome de Stone Smoked Porter, com 5,9% de álcool, na cor marrom-escura. É produzida pela Stone Brewing Co. localizada em Escondido, Califórnia. A gárgula, figura mitológica, está presente em quase todos os rótulos da cervejaria e está ali para “proteger a cerveja de males modernos como conservantes, oxidantes e outros”. A mistura, embora original, é um tanto confusa, pois reúne aromas de lúpulo (herbal), café (como toda Porter) e defumado. O olfato fica meio perdido entre tantos estímulos. Nota-se que os ingredientes são de primeira e que o tratamento recebido foi cuidadoso, deixando um aftertaste agradável. Contudo, no conjunto, não agradou.




A última delas é uma cerveja potente, com 11,1% de álcool: Cockeyed Cooper, um produto da Uinta Brewing Company, de Salt Lake City, Utah. Traz um lindo rótulo de inspiração retrô, com um sujeito de óculos (daí o cockeyed, ou “vesgo”). É uma legítima Barley Wine com um toque muito especial, pois é armazenada em tonéis antes usados para uísque Bourbon. Rica, encorpada, fica bonita no copo, com boa espuma bege e líquido vermelho-acobreado. Aromas de lúpulo, damasco, tâmara e madeira. Na boca, é bem seca e frutada. Forte, porém agradável, ótima drinkability. Das cinco cervejas, foi a que mais impressionou.
Agora, é esperar para que mais exemplares dos EUA cheguem por aqui, já que, ao que tudo indica, as Flying Dog não estão mais disponíveis no mercado.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bem-vindo ao mundo da cerveja!


Olá! Estou começando este blog para compartilhar dicas e impressões sobre o riquíssimo universo cervejeiro. Assim como outras bebidas, a cerveja vem ganhando espaço como bebida premium, que pode ser servida em jantares e acompanhar pratos sofisticados. A ideia aqui não é dar uma de "cervechato", ficar usando termos estranhos ou coisas do gênero. Por enquanto, um brinde e seja bem-vindo!