quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cerveja com adição de abóbora, uma tradição norte-americana


Post Road Pumpkin Ale
Spiced/Specialty Beer
Sazonal – agosto a novembro
5.0%

 Ano passado, quando baixei a série “Brew Masters” (Mestres Cervejeiros, no original), exibida na TV norte-americana, fiquei muito curioso para saber mais sobre as cervejas feitas com adição de abóbora, geralmente denominadas Pumpkin Ales. Embora não seja classificada como um estilo propriamente dito, as origens desta alquimia estão nos primórdios da história dos EUA. Os colonos da época, conhecidos como pilgrims, logo descobriram as muitas propriedades daquela estranha planta de cor alaranjada e a incorporaram à sua dieta. Voltando aos tempos atuais, neste episódio da série, o dono da Dogfish Head Brewery, Sam Callagione, passa o dia em um bizarro festival onde se pode encontrar praticamente de tudo feito com abóbora, até mesmo um concurso de lançamento das ditas cujas com catapultas! Ou seja, nos EUA, abóbora é levada a sério, ainda que de maneira um tanto peculiar.

Na mais recente incursão ao Empório Alto dos Pinheiros, encontrei um exemplar de Pumpkin Ale, denominada Post Road Pumpkin Ale, obra do mestre Garrett Oliver, da Brooklyn Brewery, uma das melhores cervejarias da terra do Tio Sam. Além de abóbora, a cerveja também leva canela e noz-moscada. Ao contrário da maioria de seus compatriotas, Oliver não vai além do ponto nos ingredientes e, mais importante, não abusa do lúpulo. Falarei mais sobre o que penso do uso excessivo de lúpulo em um próximo post.

Ao servir a cerveja, chama a atenção sua bela cor alaranjada, coberta por uma camada de espuma bege. Nos aromas, as citadas especiarias, o dulçor do malte e o herbal do lúpulo. Na boca, uma certa adstringência, provavelmente causada pelo lúpulo, bem marcante, além de especiarias, maçã assada e o adocicado da abóbora. No geral, uma cerveja de excelente drinkability, refrescante, muito boa. Pela elegância, quase poderia ser confundida como uma ale inglesa, talvez até mesmo por ser uma homenagem ao passado (leia abaixo). É produzida entre os meses de agosto e novembro.

Um pouco de história
A Post Road é uma homenagem a estes bravos colonizadores que, no século XVII, já produziam a sua própria pumpkin ale, acrescentando caqui, lúpulo, açúcar de bordo (maple, em inglês), a planta de onde se extrai o famoso maple syrup, geralmente consumido com panquecas. Como curiosidade, abóboras ocas eram usadas como forma para os cortes de cabelo da época. Por isso, os habitantes da Nova Inglaterra foram apelidados de pumpkinheads (cabeça-de-abóbora).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O sabor da Oktoberfest


Fui presenteado pela amiga e cunhada Kaina com um belo kit da cervejaria alemã Paulaner, contendo uma lata de um litro de Oktoberfest e uma caneca com a mesma capacidade.  O estilo Oktoberfest, como diz o nome, é consumido durante os tradicionais festejos na cidade de Munique (sua origem está no texto que fecha esta resenha). O prazer começa pelos olhos, que se encantam com a bonita caneca em baixo relevo. No centro, a logomarca que estampa um padre da ordem que dá nome à cervejaria fundada  em 1634. Na lata, mulheres robustas marcham munidas de várias canecas cheias, bastante apropriadas ao contexto germânico de celebração.

Feita para ser consumida em outubro, quando o frio começa a dar o ar da graça nos campos bávaros, é uma cerveja mais encorpada, com fartas doses de malte e teor alcoólico de 6%. Embora ofereça excelente drinkability, não se trata de algo leve e refrescante como uma Pilsener ou uma Kölsch. A espuma, branca, é abundante quando servida, mas não se mantém, cobrindo com uma fina camada o liquido de cor dourada, de tons mais escuros. No nariz e na boca, percebem-se a forte presença de malte e o lúpulo na dose certa, resultando em uma cerveja muito bem balanceada e elegante. Não se trata de cerveja de alta complexidade, fato que não a desmerece de maneira alguma. A quantidade, um litro, não foi problema algum para este humilde degustador, haja vista que desce que é uma maravilha!

Fazendo um parêntese, no início do ano tive a oportunidade de comprar duas garrafas pequenas da norte-americana Dogtoberfest, a versão ianque deste estilo produzida pela cervejaria Flying Dog. Também sazonal, foi, de longe, a melhor das Flying Dog que já provei. Apesar dos muitos elementos, é bem resolvida e desce bem, ao contrário dos outros rótulos da mesma cervejaria, geralmente lupulados em demasia.

Aliás, tive a curiosidade de pesar a caneca cheia, resultando em aproximadamente 2,5 kg. Ou seja, ao beber no canecão de dimensões avantajadas, o cidadão automaticamente queima uma parcela das calorias ingeridas. Bom, não?

Um pouco de história
A origem da festa remonta a 1810, quando, na cidade de Munique, se organizou uma corrida de cavalos celebrando a união de Luis I da Baviera com a princesa Teresa de Saxe-Hildburghausen. O evento foi realizado em um parque longe do centro, prontamente batizado de Theresienwiese, em homenagem à noiva. Já o estilo Oktoberfest também é conhecido por Märzen – março, em alemão – pois era impossível produzir cerveja no verão, já que não existia meio de refrigerar a bebida. Sendo assim, a fabricação de cerveja era encerrada nos primeiros dias da primavera. Esta cerveja era então guardada durante a primavera e verão em cavernas, para ser finalmente consumida nos festejos de outubro.