segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Baden Baden 1999 - Bitter Ale brasileira


Baden Baden 1999                         
Campos do Jordão, SP, Brasil
Bitter Ale (Ale – alta fermentação)
5,2%
600 ml
Copo ideal: Caldereta ou tulipa

Criada em homenagem ao ano de fundação da cervejaria localizada na Serra da Mantiqueira, a Baden Baden 1999 presta um tributo às Bitter Ales inglesas, um pouco mais amargas e encorpadas que as Brown Ales. Embora se enquadre nos moldes das cervejas ditas artesanais, os rótulos da Baden pecam por adotar práticas comuns às cervejarias de massa, como a adição de antioxidantes e conservantes. Como se não bastasse, ainda recorre ao corante caramelo para alcançar a tonalidade desejada. Será mesmo necessário, não seria possível evitar estes procedimentos? Feitas as devidas ressalvas, nota-se que o lúpulo é muito semelhante ao empregado na Red Ale e na Stout, perfumado, mas acaba sendo “repetitivo” ao provar os outros rótulos da mesma origem.

De cor âmbar, apresenta pouca espuma bege, como convém ao estilo, aroma suave de lúpulo, um pouco cítrico, e leve adocicado. Na boca, agrada mais, com um toque amadeirado, amargor sutil, porém persistente, toques de mel, cítrico e abacaxi. Oferece boa drinkability, em outras palavras, desce muito bem. 

Courage Directors, elegante Ale inglesa.

                  
Wells and Young's Courage Directors
Bedford, Inglaterra
Brown Ale (Ale – alta fermentação)
4,8%
500 ml
Copo ideal: Caldereta ou tulipa

Sou um fã declarado das ales britânicas. A cada exemplar degustado, mais me impressiono com a finesse e o equilíbrio entre doçura e amargor que as boas cervejas da terra da rainha apresentam. Os detratores dizem que são pouco complexas, o que, a meu ver, não é demérito algum. Fazer uma boa cervja é uma arte e os britânicos a dominam como poucos. Assim como os alemães e os checos, trabalham, salvo raras exceções (como a Double Chocolate Stout, também da Wells & Young's, com adição de chocolate Cadbury), somente com água, malte e lúpulo, ao contrário da escola belga, também ancestral, mas que não tem o menor pudor em acrescentar diversos ingredientes e elaborar alquimias complexas.

Vamos, então, à cerveja degustada, Courage Directors, oriunda de Bedford, Inglaterra. Uma Brown Ale típica, âmbar, pouca espuma de cor bege, aroma e sabor de lúpulo cítrico, suave, com toque amadeirado, refrescante, com ótima drinkability. A cervejaria Courage, criada em 1787, desde 2007 passou ao controle do grupo Wells & Young’s. No início, era reservada ao consumo dos membros da diretoria da empresa, daí o nome “Directors”. É o tipo de cerveja que não traz surpresas, nem tampouco sustos, fato que, por si só, já é extremamente positivo. Pode-se dizer que traz a mesma essência dos automóveis ingleses, que combinam elegância e esportividade em doses adequadas. Repare no conjunto entregue por um Aston Martin, Bentley ou Jaguar e veja se concorda comigo. 

Brooklyn Monster Ale, uma Barley Wine de respeito



Brooklyn Brewery Monster Ale
Nova York, EUA
Barley Wine (Ale – alta fermentação)
Produzida em 2010
Sazonal: produzida de dezembro a março
10,1%
355 ml
Copo ideal: Gobblet (taça com boca larga) ou copo de conhaque

Imagine uma cerveja forte, de coloração âmbar ou rubi, espuma bege e aromas intensos que lembram vinho do Porto, madeira e frutas secas. Esta é uma das descrições possíveis do estilo Barley Wine, que se consagrou como um dos favoritos entre os apreciadores de cervejas robustas e complexas. Deve ser bebida acima de 10o C para melhor apreciação de aromas e sabores. A graduação alcoólica começa em 8% e pode chegar a 15%, o que a credencia como ideal para consumo nos meses de inverno. O estilo é datado de 1903, na descrição da cerveja Bass N.o 1, produzida até hoje. São cervejas que podem ser armazenadas por vários anos devido ao alcoólico e composição. No Brasil, uma das mais conhecidas é a Baden Baden Red Ale, com 9,2% de álcool.

A Brooklyn Monster Ale não foge à regra, com sua bela cor âmbar, acobreada, espuma bege de boa formação, surpreendente para um estilo que leva tanto álcool. Elaborada com malte inglês e três variedades norte-americanas de lúpulo, apresenta a complexidade de aromas e sabores típica do estilo. No nariz, destaque para o frescor do lúpulo, somado à doçura que remete a bebidas licorosas como Vinho do Porto e Cherry Brandy e a notas florais. Os quatro meses de maturação acentuam o caráter amadeirado do aroma. Na boca, há evidente percepção do álcool, quase como um licor, mas sem a agressividade notada em outros exemplares do mesmo estilo. O sabor adocicado do malte combina muito bem com o cítrico do lúpulo, com predomínio do primeiro.  Uma boa interpretação de um estilo clássico, porém atrevido e provocador aos sentidos. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Degustação Früh Kölsch

Acaba de chegar ao Brasil através da Uniland a cerveja Früh Kölsch, estilo oriundo da cidade de Colônia, Alemanha. Se você busca uma cerveja leve, refrescante, mas com personalidade e muita finesse, não deixe de provar. Abaixo, minhas impressões:

Álcool 4,8%
330 ml – lata

Amarelo-dourado, bem clara
Espuma média/baixa
Aroma sutil de malte, lúpulo discreto, o sabor acompanha
Leve e refrescante, um pouco ácida, cítrica.
Ótima drinkability, não dá vontade de parar, desce muito bem
Não é densa nem complexa, mas oferece um conjunto muito equilibrado e saboroso. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Degustações Dama Bier

















Da esquerda para a direita: Pilsen, Weiss, München e IPA.

Data: 31.07.2011

Dama Bier Pilsen
4,8%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Amarelo pálido, opaca
Espuma média, que se desfaz rapidamente
Forte aroma de fermento e pão
Notas suaves de mel e biscoito
Refrescante, amargor sutil
Na boca, predomínio do malte, lúpulo suave
Ácida e turva (?)
Falta corpo e personalidade
Senti indícios de algum problema com a amostra degustada, ácida demais, com pouca carbonatação


Dama Bier Weiss
5,0%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Amarelo-palha, leve dourado
Turbidez um pouco sutil para o estilo
Presença de álcool acima do desejado
Ácida demais
Aroma de fermento, sem os costumeiros cravo e banana
Na boca, muito cítrico, abacaxi,
Espuma fraca, some rapidamente
Assim como a Pilsen, talvez haja algo de errado com a amostra degustada


Dama Bier München
4,8%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Âmbar, acobreado, bela cor
Pouca espuma
Interessante aroma de lúpulo, compotas, frutas em calda, com toques de mel e cítrico
Na boca, não mantém a complexidade do aroma, mas continua agradável, saborosa.
Aftertaste adocicado
Assim como as outras, apresenta acidez acentuada, muito cítrica
No geral, tem boa drinkability, desce bem.
Das quatro degustadas, foi a que mais agradou.

Dama Bier IPA
6,5%
Long neck
Fabricada em 02.11
Validade: 08.11

Bela cor acobreada com reflexos dourados
Espuma rala
Aroma perfumado de lúpulo, embora um tanto sutil para o estilo
Também notas de abacaxi pérola, mais adocicado
Na boca, amargor agradável e lúpulo condimentado, saboroso
Ao contrário da Münich, agrada mais pelo sabor do que no aroma
É bem suave para uma IPA, porém equilibrada. Tem frescor, mas falta um pouco de força


Avaliação geral: talvez a ideia seja mesmo produzir cervejas mais suaves, algo que combina com o nome dos rótulos, no caso, “Dama”. Gostei da Münich e da IPA, mas a Pilsen e a Weiss ficaram devendo, ainda mais levando em consideração o posicionamento de preço da marca.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cervejas norte-americanas na ABS

Na última quarta-feira, dia 27, fui convidado pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), onde me formei em 2010, a participar de uma degustação de cervejas norte-americanas. Bob Pease, Chief Operating Officer (cargo novo para um sujeito como eu, pouco afeito às peculiaridades do mundo corporativo) da Brewers Association,organização que reúne os cervejeiros artesanais dos Estados Unidos, ministrou uma palestra sobre a atuação destes produtores, afirmando que detêm 5% do total de cerveja produzido no país. Contudo, a pergunta que não quer calar: se eles não estavam procurando representantes ou importadores, qual a motivo da missão cervejeira em terras tupiniquins? Até agora, ninguém forneceu uma resposta satisfatória. Noves fora, vamos ao que interessa, as cervejas. A degustação foi conduzida por Kathia Zanatta, sommelier de cervejas do Grupo Schincariol, que foi, ao lado de Alfredo Ferreira, nossa professora no curso da ABS.

Quem já se aventura pelo mundo cervejeiro há algum tempo sabe que os exemplares norte-americanos são bastante peculiares. Ali, a industrialização massiva a partir da segunda metade do século XX praticamente varreu do mapa as pequenas cervejarias. Mas, a partir de meados da década de 1980, talvez inspirados pelo movimento britânico de recuperação das antigas cervejarias (denominado CAMRA, ou Campaign for The Real Ale), começaram a pipocar focos de resistência. Hoje, segundo Bob Pease, já se contam 1717 cervejarias artesanais nos EUA, um número bastante expressivo. É uma produção que se caracteriza principalmente pela criatividade e ousadia. Baseados em estilos clássicos europeus, os cervejeiros locais criam suas próprias alquimias, algumas ótimas, outras de gosto duvidoso. Adoram lúpulo, misturam de tudo e são felizes assim.


Começamos com a Mid Mountain Mild Ale, produzida pela Epic Brewing Company, de Salt Lake City, Utah. Segundo o site Beer Advocate, trata-se de uma American Blonde Ale. Turva, com um belo tom âmbar claro, é como o nome diz, verdadeiramente “mild” (suave). Com 5,2% de álcool, traz aromas sutis de malte e lúpulo, este um pouco mais marcante, já que leva o famoso lúpulo Saaz da República Checa em sua composição. Na boca, além dos supracitados, agradável sabor de especiarias e pimenta rosa. Ótima drinkability, mas, no conjunto, não impressiona.

Depois, passamos para a Sierra Nevada Torpedo, da cervejaria homônima, localizada em Chico, Califórnia, fundada em 1980. Trata-se de uma IPA (India Pale Ale), o estilo mais popular entre os cervejeiros artesanais daquele país. Robusta, possui 7,2% de álcool. Filtrada, na cor âmbar, tem boa espuma e, como não poderia deixar de ser, aroma intenso de lúpulo, fato reforçado pelo emprego do método “dry hopping”, que consiste em adicionar lúpulo nas fases finais de produção. Neste caso, foram empregadas flores de lúpulo, o que a torna ainda mais rica em aromas herbais, como hortelã, cítrico e pinho. Na boca, é seca, frutada, com algo de damasco, nozes e frutas secas. Muito boa, uma IPA de respeito, cuidadosamente elaborada.







A terceira cerveja é uma spiced (“temperada”) beer ou herbed beer, filhote de Sam Callagione, o maluco responsável pela Dogfish Head Brewery. Leva o nome de Midas Touch Golden Elixir, com a impressão digital no rótulo remetendo ao “toque de Midas”. A receita é, segundo o fabricante, inspirada em uma antiga bebida turca, datada de 2700 anos atrás, com ingredientes originais citados na tumba do rei Midas. Seca e adocicada, o que predomina, tanto no aroma como no sabor, é a uva moscatel, além de madeira, fruta e abacaxi pérola. Talvez pela suavidade da receita, quase não se percebe os 9% de álcool. Os apreciadores da uva Chardonnay certamente vão aprovar. Muito curiosa e interessante, mas somente para um copo ou dois, no máximo.









O próximo exemplar apresenta um belíssimo rótulo e leva o nome de Stone Smoked Porter, com 5,9% de álcool, na cor marrom-escura. É produzida pela Stone Brewing Co. localizada em Escondido, Califórnia. A gárgula, figura mitológica, está presente em quase todos os rótulos da cervejaria e está ali para “proteger a cerveja de males modernos como conservantes, oxidantes e outros”. A mistura, embora original, é um tanto confusa, pois reúne aromas de lúpulo (herbal), café (como toda Porter) e defumado. O olfato fica meio perdido entre tantos estímulos. Nota-se que os ingredientes são de primeira e que o tratamento recebido foi cuidadoso, deixando um aftertaste agradável. Contudo, no conjunto, não agradou.




A última delas é uma cerveja potente, com 11,1% de álcool: Cockeyed Cooper, um produto da Uinta Brewing Company, de Salt Lake City, Utah. Traz um lindo rótulo de inspiração retrô, com um sujeito de óculos (daí o cockeyed, ou “vesgo”). É uma legítima Barley Wine com um toque muito especial, pois é armazenada em tonéis antes usados para uísque Bourbon. Rica, encorpada, fica bonita no copo, com boa espuma bege e líquido vermelho-acobreado. Aromas de lúpulo, damasco, tâmara e madeira. Na boca, é bem seca e frutada. Forte, porém agradável, ótima drinkability. Das cinco cervejas, foi a que mais impressionou.
Agora, é esperar para que mais exemplares dos EUA cheguem por aqui, já que, ao que tudo indica, as Flying Dog não estão mais disponíveis no mercado.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bem-vindo ao mundo da cerveja!


Olá! Estou começando este blog para compartilhar dicas e impressões sobre o riquíssimo universo cervejeiro. Assim como outras bebidas, a cerveja vem ganhando espaço como bebida premium, que pode ser servida em jantares e acompanhar pratos sofisticados. A ideia aqui não é dar uma de "cervechato", ficar usando termos estranhos ou coisas do gênero. Por enquanto, um brinde e seja bem-vindo!