quinta-feira, 14 de junho de 2012


Brooklyn Brewery, cervejaria norte-americana por excelência.

Sem negar as raízes, o mestre Garrett Oliver produz algumas das melhores cervejas de seu país. A escola norte-americana tem se notabilizado pelas extreme beers, o que lhes confere sabores e aromas intensos, com profusão de lúpulos. Ocorre que, na opinião deste escriba, muitas delas pecam pelo excesso, comprometendo o equilíbrio e a drinkability (como as cervejas da Flying Dog e, do outro lado do Atlântico, as escocesas Brew Dog).

Não é o caso das cervejas da Brooklyn. Oliver gosta de brincar com fogo, flertar com o perigo, mas não se permite ultrapassar os limites do bom senso. Recentemente, tive a oportunidade de degustar duas delas em dias próximos, o que suscitou comparações. A primeira é a Brooklyn Lager, uma Vienna (alguns dizem ser Amber Lager) com 5,2% de álcool. Apresenta um belo tom degradé no copo, em tons de âmbar e cobre, com espuma bege, firme e abundante. Aroma herbal de lúpulo, com toques florais e um leve biscoito oriundo do malte. Na boca, o lúpulo reina soberano, levemente ácida, com toques de abacaxi e final seco, bem cítrico, excelente cerveja, daquelas que não cansam nem tampouco comprometem o paladar.

A segunda cerveja degustada atende pelo nome de Brooklyn East India Pale Ale. Trata-se de uma India Pale Ale, estilo clássico da cervejaria britânica, um dos favoritos entre os apreciadores. Seus 6,9% de álcool estão muito bem inseridos, sem jamais incomodar. A cor âmbar profunda é coroada por uma espuma bege de pouca duração, como convém ao estilo. E, como era de se esperar o lúpulo domina tanto o aroma quanto o sabor. No nariz, muito herbal, frescor, cheiro de grama e mato depois da chuva, delicioso. Na boca, o amargor do lúpulo, com toques herbais e de frutas secas. Nos primeiros goles, a “picada” do lúpulo na língua se faz sentir, mas, em pouco tempo, o paladar se acostuma e já pede um novo gole.

Neste mesmo blog, já escrevi sobre a Brooklyn Monster Ale (para ler o texto, clique: http://beerblogbr.blogspot.com.br/2011/08/brooklyn-monster-ale-uma-barley-wine-de.html )

São dois exemplos de que é possível produzir rótulos com uma boa dose de ousadia sem abrir mão do principio básico de uma boa cerveja. Trocando em miúdos, algo que se possa beber por um bom tempo, sem empapuçar. É por esse motivo que geralmente não dou muita bola aos extremismos, não vejo como esse tipo de cerveja pode contribuir para a cultura cervejeira em geral. E tenho dito! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário